segunda-feira, 17 de novembro de 2008
A luta de Fábio
Trancrevo aqui uma parte da máteria que sai hoje na Revista Veja.
Coloco aqui como forma de protesto contra as drogas!!!!!
Sem condições de atuar, Fábio Assunção,
um dos mais queridos atores da televisão
brasileira, deixa a novela Negócio da China,
da Globo, para tentar se livrar do vício
em cocaína
Talento, beleza e seriedade profissional foram os ingredientes que ajudaram Fábio Assunção, de 37 anos, a erigir uma das mais bem-sucedidas trajetórias na televisão brasileira. Em dezoito anos de profissão, consagrou-se como ator do primeiro time da Rede Globo. Na semana passada, a emissora decidiu afastá-lo do elenco de Negócio da China, a novela das 6 que estreou em outubro e da qual era o protagonista. O afastamento deve-se à dependência de cocaína, e foi decidido porque sua permanência se tornara impossível. Fábio estava irreconhecível. Não conseguia mais decorar os textos. Começou a dormir pelos cantos do estúdio – sonolência decorrente do uso de calmantes que tomava para conseguir descansar um pouco à noite – e deixou de ensaiar com os colegas, uma praxe antes das gravações. Fumava sem parar e o trabalho da equipe de maquiadores aumentou bastante, porque era preciso disfarçar os reflexos das noites em claro – o que nem sempre funcionava. Para o espectador, a imagem era a de um galã abatido e sem expressão. No fim de outubro, Fábio desmaiou durante uma gravação. Finalmente, na quinta-feira passada, o ator se reuniu com a direção da Rede Globo para sacramentar seu afastamento. À nota oficial da emissora, ele acrescentou um texto escrito de próprio punho, informando que, "por motivo de saúde", deixava o folhetim por tempo indeterminado: "Que Deus ilumine meus passos na minha recuperação e com a confiança de que o mais breve possível estarei de volta para esse público que tanto amor me dá", diz um trecho da nota. O ator gravou as cenas que dão sentido ao seu desaparecimento de Negócio da China e depois se retirou do Projac, fazendo silêncio sobre como e onde vai enfrentar sua doença.
Convocar Fábio para a novela das 6 foi um risco calculado pela Rede Globo. Sua escalação foi motivo de reuniões e houve, na direção da emissora, quem fosse contra. Temia-se que sua inconstância prejudicasse o cronograma e o orçamento de Negócio da China – o que de fato ocorreu. A produção de um capítulo custa, em média, 270 000 reais. Deixar técnicos, cenários e equipamentos à espera de um ator não está no roteiro. Em 2007, durante as gravações de Paraíso Tropical, os atrasos freqüentes de Fábio já sinalizavam que o problema com a cocaína começava a influir na profissão. Ele emagreceu a olhos vistos e chegou a ficar cinco dias afastado das gravações. A situação, porém, ainda não havia fugido de controle. A imagem do ator ficou arranhada mesmo aos olhos do público quando, em janeiro deste ano, ele foi flagrado pela Polícia Federal no momento em que receberia uma encomenda de cocaína. O traficante, identificado como Orlando Dias, levava consigo 30 gramas do pó, quantidade que supera em muito o que uma pessoa é capaz de consumir em um dia. Fábio foi ouvido como testemunha e declarou ser usuário de cocaína. "A testemunha Fábio Assunção Pinto afirmou ter telefonado para o réu, com quem marcou encontro em sua residência a fim de comprar cocaína do mesmo, o qual era seu fornecedor habitual", afirmou a juíza Cristina Fabri, da 17ª Vara Criminal de São Paulo, em sua sentença.
O episódio foi minimizado pelo ator e pela Globo, mas provocou a primeira conseqüência concreta do vício na carreira de Fábio. Depois de participar das primeiras leituras de A Favorita, novela do horário das 8, e fazer até prova de figurino como o vilão Dodi, ele foi substituído por Murilo Benício. Sem trabalho, decidiu deixar o país para se reabilitar em uma clínica nos Estados Unidos. Embora não tivesse terminado o tratamento, ele se considerava curado e pronto para voltar ao trabalho, no que foi apoiado pelo diretor Roberto Talma, seu amigo. Negócio da China estaria longe de ser o maior desafio de Fábio na televisão. Exibida na faixa das 6, não teria a pressão do horário nobre. O ator também não sairia de uma zona de conforto profissional. Seu personagem, Heitor, era feito sob medida, uma vez que Fábio se revelou na interpretação de rapazes bonzinhos. Tudo estava arrumado, enfim, para que desse certo. Mas a recaída não tardou.
Na quinta-feira, depois de decidido o seu afastamento, Fábio Assunção telefonou ao autor de Negócio da China, Miguel Falabella. Angustiado, disse que não queria tê-lo deixado na mão. Pediu desculpa. Falabella já vinha trabalhando numa saída. "Há algum tempo, quando percebi que o gato tinha subido no telhado, comecei a pensar que destino dar ao personagem de Fábio", conta. A novela gira em torno do roubo de 1 bilhão de dólares em um cassino, na China. As informações que revelam o destino do dinheiro estão guardadas em um pen drive que vem parar no Brasil e troca de mãos, movimentando o enredo. Heitor, o personagem de Fábio, vai desaparecer no capítulo que será exibido no dia 27, ao tentar desvendar o mistério. "Gostaria que ele voltasse para o fim da novela. O Fábio é bonito, talentoso, mas está passando por um período de fraqueza. E quem não tem as suas?", diz Falabella.
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Um comentário:
Amigo. A droga é um dos flagelos humanos deste novo século. Depois de entrar, sair é quase impossível. E a quantidade de gente que "trabalha" para formar novos dependentes é incalculável. Hoje, a gente não sabe mais quem é e quem não é "do ramo". Lamentável é que os que deveriam dar bom exemplo, como artistas, o fazem pelo lado pior. Fábio é um apenas num universo minado. E depois tem hipócrita que fala que é consumidor social, que pára quando der. Que horror!
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